Líderes e integrantes do Centrão na Câmara dos Deputados dizem não crer que o projeto de lei da anistia aos presos do 8 de janeiro deve avançar na Casa mesmo após uma manifestação que levou dezenas de milhares de pessoas às ruas no último domingo (6/4), em apoio à pauta.
Na visão desses parlamentares, o ato demonstrou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda tem força e capital político ao reunir sete governadores, além de deputados e senadores, mas que deu “um tiro no pé” ao permitir o pastor Silas Malafaia fazer críticas ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que tem prerrogativa para pautar ou barrar a urgência na apreciação do projeto da anistia.
Na Avenida Paulista, Malafaia disse que Motta envergonha o “honrado povo da Paraíba” ao não pautar a anistia no plenário da Câmara. Na conversa entre deputados do Centrão mais presentes no plenário, incluindo alguns de baixo clero, é um erro atacar Motta, uma vez que essa postura dificulta o diálogo com ele e também incomoda a maioria dos parlamentares, que segundo alguns deles, apoia o presidente da Casa. O paraibano teve 444 votos dos 513 deputados da Casa.
A pedido de Motta, líderes não assinaram o requerimento de urgência pela anistia, o que obriga o PL a procurar deputados um a um até alcançar o número mínimo de 257 apoios para poder protocolar o pedido, sendo que segundo o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), o requerimento de urgência tem 182 assinaturas. O requerimento de urgência é um procedimento que acelera a tramitação de uma proposta legislativa e é a principal aposta do PL para avançar a anistia na Casa.
Na manhã desta segunda-feira, Motta defendeu “sensibilidade” em relação a eventual “exagero” nas punições aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. “Defendo a responsabilidade de, na solução desse problema, não aumentarmos uma crise institucional que nós estamos vivendo. É por isso que eu conduzirei este tema com a serenidade que ele requer”, afirmou.
Os líderes não descartam absolutamente votar a anistia, mas acreditam que esse não é o momento para votar uma pauta que provoca profundas divisões enquanto a prioridade deve ser a pauta econômica.