O Conselho Regional de Medicina (CRM) reagiu, condenando o prefeito Abílio Brunini, pela orientação para que pacientes procurem os postos de saúde para atendimento sem agendamento prévio.
O CRM explica que é necessária a compreensão de que à Unidade Básica de Saúde (UBS) compete atender consultas médicas simples e acompanhamento de doenças crônicas, ao passo que a UPA se destina socorrer emergências médicas, como ocorre com o pronto atendimento dos hospitais.
Assim sendo, procede a crítica do CRM, quando esclarece que as unidades básicas não foram feitas para o atendimento de urgências e emergências, sendo um erro orientar pacientes com problemas mais graves a procurar às unidades, colocando em risco a vida das pessoas.
Porém, se a raiz dos problemas que afetam a Saúde fosse restrita ao equívoco do novo prefeito, assim como o funcionamento do sistema público ocorresse conforme apregoa o CRM, e a situação seria outra. Na verdade, tanto o CRM como o prefeito Abílio, confundem efeito com causa, numa inversão de fatores que em nada contribui para solucionar os problemas existentes. E na guerra de narrativas, se acusam mutuamente, buscando culpados, sem analisar as causas reais que esclareceriam e auxiliariam a mitigar os problemas.
Na verdade, o problema central é a prioridade em favorecer os interesses daqueles que lucram com um modelo falido de saúde, que posterga a vida humana a segundo plano. A preocupação não é manter as pessoas saudáveis, porém ganhar dinheiro as custas das doenças. Ou seja, quanto maior a quantidade de doentes, melhor para os que especulam com a saúde e vida humana.
As UBS não cumprem o papel que deveriam, prestando assistência preventiva. Praticamente inexistem as equipes de médico de família, visitando as residências, fazendo levantamento “in loco” da realidade das famílias, e traçando um plano de ação para verdadeiramente cuidar das pessoas. Prestar assistência, conscientizando e monitorando as pessoas sobre os cuidados imprescindíveis com a saúde, porque zelar da saúde preventivamente é muito mais barato e eficiente do que combater a doença. Isso não é nenhuma novidade, e porque um modelo desse tipo não é posto em prática?
Não existe engajamento visando corrigir o modelo falido, nem por parte dos gestores públicos, nem por parte de entidades como CRM, piorou dos médicos, que em sua maioria trabalha no SUS, que atende 82% da população, fazendo “bico” para engrossar a renda. As lutas do CRM e médicos são corporativas, sem abranger as mudanças exigidas no modelo falido de saúde.
Pesquisas demonstram que apesar do aumento gradativo da longevidade, fruto dos avanços no campo da ciência e medicina, a falta de um modelo preventivo é responsável pela morte prematura de um grande número de pessoas, que falece antes da hora, perdendo o bem mais precioso que é a vida.
Embora a medicina venha conquistando avanços notáveis, no Brasil a redução das doenças crônicas oscilou entre 1,5% e 1,6% de 2006 e 2014. A cada 4 horas uma pessoa, com cerca de 55 anos, morre por uso abusivo de álcool, A asma mata 1 pessoa em cada 4 horas, doenças cardiovasculares mata 1 brasileiro a cada 90 segundos, para não ir mais além...
Por tudo isso, buscar mudanças na Saúde, sem mudar o modelo falido, significa plantar mais do mesmo e colher pífios resultados. Representa cumprir o mesmo papel do cachorro que corre atrás do rabo.