O crime organizado obteve receita de R$ 56,9 bilhões em 2022 apenas com a fabricação de bebidas falsificadas, diz o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O valor é maior do que o faturamento da maior cervejaria do país, a Ambev, no mesmo período, considerando até os produtos não alcoólicos (R$ 42,6 bilhões).
A entidade chegou à cifra a partir da estimativa da empresa Euromonitor Internacional de que 25,7% do mercado brasileiro de bebidas estaria na ilegalidade. O valor usado como base do cálculo foi a produção nacional do setor registrada pela Pesquisa Industrial Anual do IBGE.
Facções como o Comando Vermelho e o PCC (Primeiro Comando da Capital) estariam envolvidas com a produção ilegal, diz o fórum. Houve, em 2022, uma perda fiscal de R$ 52,9 bilhões com o crescimento do mercado ilícito de bebidas e a sonegação no setor, de acordo com outro estudo da Associação Brasileira de Combate à Falsificação.
O FBSP apresentou os dados em um encontro, realizado nesta sexta-feira (6), com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para entregar um relatório sobre a dimensão da economia ilegal no país. O grupo estima que o “PIB (Produto Interno Bruto) do crime organizado em 2022 tenha sido de R$ 350 bilhões, com cigarros ilegais, venda de combustíveis e lubrificantes, garimpo, roubo de celulares, tráfico de cocaína e crimes patrimoniais, além das bebidas falsificadas.
O estudo mostra ainda que as principais rotas de contrabando, incluindo de bebidas e fumo, sob controle das facções, partem de Argentina, Paraguai, Bolívia e Venezuela.
Nos cálculos da entidade, o crime organizado faturou R$ 146,8 bilhões com a fabricação de produtos e R$ 186,1 bilhões com crimes patrimoniais, com destaque para os roubos de celular e fraudes virtuais como o golpe do Pix.
A produção de combustíveis e lubrificantes liderou as atividades do crime organizado, com faturamento de R$ 61,5 bilhões, logo à frente das bebidas. O cálculo do fórum partiu da estimativa da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) de que 8,7% do mercado seja ilícito. A principal fornecedora da atividade seria a Venezuela, que é dona da maior reserva de petróleo do mundo.
De acordo com o FBSP, a venda e refino ilegal de combustíveis está associado a crimes ambientais, uma vez que abasteceria maquinários usados no desmatamento e no garimpo. Também serviria ao transporte de drogas e outros produtos contrabandeados.
Completam a lista de atividades produtivas do crime organizado a metalurgia de metais preciosos (R$ 15,5 bilhões), a fabricação de produtos do fumo (R$ 10,3 bilhões) e o garimpo (R$ 2,7 bilhões). As atividades extrativas de ouro estariam concentradas na Amazônia Legal, na fronteiras com Venezuela e Guiana.