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Política Terça-feira, 22 de Abril de 2025, 08:21 - A | A

Terça-feira, 22 de Abril de 2025, 08h:21 - A | A

O Bolsa Família é culpado pela dificuldade das empresas em contratar?

Adalberto Ferreira

O comunicado foi afixado em meados de março no balcão de atendimento de um restaurante em um shopping na Zona Sul de São Paulo. Fotografado e compartilhado, viralizou nas redes sociais, levando os proprietários do empreendimento a divulgarem um pedido de desculpas oficial.

O episódio de reclamação do empregador alimenta um debate recorrente, mas que ganhou força no período recente. Afinal, o Bolsa Família faz com que pessoas deixem de trabalhar, e quem recebe Bolsa Família não quer saber de nada, quer mordomia, só visa receber dinheiro do governo? O programa com valor mais alto é culpado pela dificuldade que algumas empresas relatam em contratar? É verdade que as pessoas de baixa renda não estão mais aceitando qualquer trabalho?

O que aconteceu com o mercado de trabalho, depois que o programa aumentou o número de beneficiários do Bolsa Família de 13,8 para 20,5 milhões, e o valor passou de R$ 400,00 no governo anterior para R$ 600,00 no governo atual?

MENOS MULHERES E JOVENS NO MERCADO DE TRABALHO

Analisando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os economistas Leandro Siani Pires e Fábio José Ferreira da Silva, do Banco Central, observam que, entre 2019 e 2023, a parcela de pessoas em busca de emprego está menor desde que o Bolsa Família aumentou, especialmente em relação as mulheres e jovens.

Para Daniel Duque, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), esse aspecto não é necessariamente algo negativo para a economia do país.  O economista destaca, que referente às mulheres, o custo benefício implica na economia de recursos no cuidado das crianças e da manutenção dos lares. E, no caso dos jovens, isso está relacionado com uma maior taxa de matrícula [em instituições de ensino] nas regiões em que houve maior expansão do Bolsa Família. Então, isso, no longo prazo, vai ter um efeito econômico positivo devido ao aumento de capital humano.

Duque observa, porém, que isso ajuda a explicar porque alguns empregadores têm tido dificuldade de contratar. A queda na taxa de procura por emprego reduz a oferta de mão de obra, e obriga o mercado de trabalho a aumentar salários para atrair novos funcionários, afirma o economista. "Não à toa, estamos vendo uma recuperação gradual, bem lenta, mas consistente, na taxa de participação junto com o aumento de salários."

'MAIS POBRES NÃO ACEITAM MAIS RECEBER TÃO POUCO'

Ainda com base nos dados da Pnad, Marcos Hecksher, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), observa que "algumas pessoas, sobretudo os informais, não estão topando receber tão pouco. Mas a proporção de pessoas pobres com emprego formal aumentou. Então, não é que os pobres estão deixando de trabalhar ou que sejam preguiçosos. É que, realmente, o Bolsa Família garante que as pessoas tenham um mínimo e possam não ter que aceitar qualquer condição de trabalho".

REGRA DE PROTEÇÃO

Quando o beneficiário consegue emprego com carteira assinada, o beneficiário entra na regra de proteção, e ele passa a receber metade do valor do Bolsa Família. Esse critério incentiva o beneficiário a procurar um trabalho formal, cujo salário será reforçado pela metade do valor da Bolsa Família. Tanto que empregos com carteira assinada de pessoas beneficiadas pelo Bolsa Família aumentou de 12,6% para 14,8% entre 2019 e 2023.

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